Sala de leitura: o que se disse sobre imobiliário em agosto?

Crise, retoma ou um novo ciclo para o setor imobiliário? Veja o que dizem as notícias publicadas durante o mês de agosto. 

Autor: Redação
8 de setembro de 2020
2020 parece ser um ano para fazer contas aos prejuízos e identificar novas tendências que possam ajudar à retoma do setor imobiliário. As notícias publicadas em agosto refletem estas duas realidades e dão conta de alguns dados preocupantes relativos ao desemprego.



As contas ao efeito da pandemia continuam a ser feitas. Um ano que começou de forma prometedora transformou-se, em poucos dias, numa enorme dor de cabeça para o setor. Às portas do último trimestre, a incerteza ainda domina.



A Executive Digest (https://executivedigest.sapo.pt/investimento-em-imobiliario-cai-para-90-milhoes-no-2-o-trimestre/) revela que o investimento em imobiliário em Portugal caiu para 90 milhões de euros no segundo trimestre deste ano. Nos primeiros três meses, tinha chegado aos 1.480 milhões de euros.



Ainda assim, nem tudo parece ser negativo. No artigo, Fernando Ferreira, da consultora JLL, garante que “o apetite por parte dos investidores, pese a incerteza do mercado, mantém-se”.



O mesmo responsável adianta que “há segmentos que acabam por ser mais resilientes do que outros, nomeadamente os escritórios”, bem como “contratos com alguma duração, de retalho alimentar, supermercados e hipermercados”. Outra tendência detetada é “um apetite cada vez maior para a classe residencial como investimento e não como produto de venda ao particular”.



E se “tudo o que está relacionado com a área de living, como residências seniores ou de estudantes continua a despertar interesse”, o mesmo já não se passa com os centros comerciais.



Embora admita um “clima muito inconstante”, antecipa que “o volume de investimento vá ultrapassar os 2,5 mil milhões de euros até ao final deste ano”.



O investimento estrangeiro em Portugal é também referido pelo Jornal Económico (https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/setor-imobiliario-segmento-internacional-em-crescimento-apesar-da-pandemia-623605) no artigo que tem como título “Apesar da pandemia, imobiliárias portuguesas registam elevado interesse de clientes internacionais”.



Foram ouvidos responsáveis de diversas empresas que operam em Portugal. Se alguns responsáveis garantem que a maior parte dos negócios é feita com portugueses, outros admitem o maior peso do investimento estrangeiro nas transações que efetuam.



De acordo com as contas do jornal, em média os estrangeiros “representam apenas 25% das transações”. Ainda assim, e embora algumas empresas tenham sentido uma diminuição do interesse por parte de compradores não nacionais, noutras o interesse continua elevado, de tal forma que “tem permitido também atenuar algumas quebras no setor”.



Ou seja, não há, para já, uma tendência clara, mas apenas uma certeza: a pandemia não afastou totalmente os investidores estrangeiros.



Logística é um “porto seguro”?



Em tempos de incerteza, poderá o setor imobiliário apostar na logística para compensar, por exemplo, a quebra no retalho? Aparentemente, e de acordo com a consultora Worx, citada pela Supply Chain Magazine (https://www.supplychainmagazine.pt/2020/08/24/relatorio-da-worx-apresenta-mercado-imobiliario-logistico-como-um-porto-seguro/), o imobiliário logístico está em crescimento.



“O interesse pelo setor na Europa tem vindo a crescer, em grande parte devido aos avanços tecnológicos, ao boom do e-commerce e ao facto das yields continuarem bastante atrativas face a outros setores”, refere o site.



“Recentemente, este setor foi crucial para garantir a atividade e entrega de todos os bens essenciais durante o período de confinamento, relembrando a importância desta atividade para a economia global”, diz o relatório da Worx.



O documento revela ainda que esta área “também foi vista como um porto seguro para os investidores neste período de incerteza”.



De acordo com este relatório, apesar de se poder verificar uma queda, sobretudo no setor não alimentar, as compras online trazem novos desafios ao setor da logística. As empresas, embora não abdicando da localização estratégica, têm como prioridade “a procura por espaços modernos ou numa fase de transição para a indústria 4.0”.



“Por outro lado, alguns inquilinos poderão ter a iniciativa de investir em tecnologia mais avançada e ajustada às necessidades das suas operações; mas, em contrapartida, procurarão contratos de maior duração por forma a tirar o máximo proveito do seu investimento”, diz a consultora.



Por isso, e porque “devido a esta tendência de crescente procura e de escassa oferta de plataformas logísticas que cumpram os requisitos do mercado português, os preços das rendas irão aumentar ao longo dos anos”, este setor pode ser bastante interessante para os profissionais do ramo imobiliário.  



Pandemia aumentou desemprego



Uma das consequências da pandemia é a quebra no volume de negócios e no número de transações o que, por sua vez, deixou muitas empresas do setor imobiliário numa situação difícil.



O Eco noticiava que “Um terço dos novos desempregados são do setor imobiliário” (https://eco.sapo.pt/2020/08/21/mais-de-um-terco-dos-novos-desempregados-sao-do-setor-do-imobiliario/).



“Em fevereiro, havia 70 mil desempregados ligados ao imobiliário. Cinco meses depois, o universo passou para 105 mil. E esse aumento representa mais de um terço da subida total dos novos desempregados”, diz o jornal online, citando dados do IEFP.



O Eco refere que, nos últimos cinco meses “91.740 portugueses perderam o emprego e inscreveram-se nos centros do IEFP”. “Deste aumento de quase 92 mil desempregados, mais de um terço (34.872) estavam ligados ao setor das atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio. Os dados de julho revelam também que quase 30% dos desempregados que estão atualmente inscritos no IEFP estão ligados a esse setor”, revela o jornal.



“Apesar de ser o setor do alojamento, restauração e similares a registar o aumento homólogo (96,7%) mais significativo do número de desempregados, é no setor do imobiliário, atividades administrativas e serviços de apoio que se concentra atualmente a maior fatia de indivíduos inscritos nos centros de emprego (105.149) ”, analisa.



Preço das casas não desce



Durante a pandemia, muitos anteciparam uma descida no preço das casas, mas essa previsão parece não estar a ser concretizada. O Dinheiro Vivo (https://www.dinheirovivo.pt/economia/habitacao-precos-das-casas-quase-imunes-a-pandemia/) diz que “por agora, os preços mantêm-se e não se antecipa uma correção drástica e abrupta”.



Recorrendo a dados da Confidencial Imobiliária, fazem-se as contas para concluir que “o preço de venda das casas apresentou uma quebra residual de 0,2% em julho face ao mês anterior, o que demonstra que a pandemia teve para já um efeito quase neutro nos valores dos imóveis no país”. O aumento de 12,2% face ao mês homólogo do ano passado reforça este indicador.



Um trabalho do Expresso (https://expresso.pt/economia/2020-08-14-Imobiliario.-Metade-das-familias-em-Lisboa-nao-consegue-arrendar-mais-de-30-metros-quadrados) parece igualmente corroborar esta ideia. Mas traça também um cenário a dois tons no que respeita ao valor das casas, com nítidas diferenças entre uma grande cidade e uma vila no distrito de Castelo Branco.



Segundo o semanário, “metade das famílias em Lisboa não consegue arrendar mais de 30 metros quadrados”, enquanto uma família de classe média em Belmonte consegue alugar uma casa cinco vezes maior.



De acordo com as contas do Expresso, feitas a partir dos dados mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), “com um terço do seu rendimento mensal”, a família do interior “consegue arrendar uma casa de quase 150 metros quadrados no sopé da serra da Estrela”, enquanto quem vive em Lisboa “tem de se contentar com 30 metros quadrados”. “Porquê? Porque, embora ganhe 30% mais do que a família de Belmonte, a família lisboeta tem de pagar ao senhorio seis vezes mais por cada metro quadrado”, explicam.



Uma tendência vinda do Japão



Ainda não é moda em Portugal, mas pode ser uma tendência a ter em conta para futuros negócios. Segundo o portal Idealista (https://www.idealista.pt/news/imobiliario/internacional/2020/08/13/44278-apartamentos-para-solteiros-com-gato-a-ultima-moda-imobiliario-no-japao), no Japão já há quem explore duas realidades típicas do país: o aumento dos solteiros – ou pessoas que vivem sozinhas – e a preferência por gatos como animais de estimação.



Diz a notícia que “60% dos jovens solteiros no Japão não têm nos planos ter um parceiro e alguns relatórios indicam que, em 2040, cerca de metade da população japonesa será solteira”. Se a isto somarmos um estudo da Grand View Research, que prevê que o mercado mundial de cuidados para animais de estimação vai crescer cerca de 5% ao ano, parecem estar encontradas duas tendências com potencial para o setor residencial.



O mercado imobiliário japonês já está a capitalizar este mercado, tendo sido criados, em Kobe, condomínios idealizados a pensar em quem mora sozinho e tem um gato. Os apartamentos têm tipologias T1 e T2 e vários acabamentos desenhados especialmente para os felinos, como mostram as fotos do Japan Today( https://japantoday.com/category/features/lifestyle/new-cat-friendly-homes-in-japan-come-specially-designed-for-felines). Como bónus, os inquilinos destes apartamentos recebem mensalmente cupões da marca de produtos para gatos que foi parceira na construção destas habitações. 



Frase:



“É preciso perceber que com esta questão da saúde quem é que consegue tomar a decisão da sua vida, que é a compra de casa?”

https://sol.sapo.pt/artigo/705251/luis-lima-presidente-da-apemip-a-receita-fiscal-sob-o-imobiliario-foi-uma-aut-ntica-arvore-das-patacas

Luís Lima, Presidente da APEMIP



Número



64% 



Foi a quebra registada no imobiliário de retalho, segundo o mais recente Market Update da consultora Cushman & Wakefield. Entre janeiro e junho de 2020 foram fechados 150 negócios neste setor, o que representa uma quebra de 64% em relação ao mesmo período de 2019.  

https://visao.sapo.pt/imobiliario/2020-08-07-imobiliario-comercial-queda-a-pique-de-64-no-retalho/
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