Sala de leitura: as notícias sobre imobiliário em setembro

Números, novas tendências e previsões para o setor imobiliário marcaram as notícias publicadas em setembro. Veja o que se passou no mês da rentrée.

Autor: Redação
6 de outubro de 2020
Setembro foi um mês de balanço, mas também de antevisão sobre o que pode acontecer no último trimestre. Assim, as notícias sobre o setor analisam as transformações sofridas pelo mercado e as novas tendências que emergem neste final de ano desafiante para o imobiliário.

Apesar da situação económica e das restrições impostas pela pandemia, que travaram muitos negócios, o mercado imobiliário manteve-se animado nos primeiros três trimestres do ano. “Dez maiores negócios valem 2 mil milhões de euros até setembro”, noticiava o Expresso, dando conta das maiores transações realizadas com base nos dados da Iberian Property.

Entre estes negócios com valores invejáveis estão a venda do Lagoas Park por 421 milhões de euros e dos outlets de Alcochete e de Vila do Conde por 70,3 milhões de euros.

O maior negócio do ano foi, segundo o Expresso, “a venda de 50% da joint-venture Sierra Prime pela Sonae Sierra e APG à Allianz Real Estate e Elo, por cerca de 800 milhões de euros”. Ocorreu em meados de fevereiro, pouco tempo antes da pandemia.

Entre os negócios do top 10 estão também a venda do portefólio do grupo Bernardino Gomes (com 12 hotéis da cadeia Hotéis Real) à Palminvest, que detém a rede Hollinday Inn Express em Portugal. Uma compra no valor de 300 milhões de euros. O jornal destaca também a venda da Natura Towers pela Caixa Geral de Depósitos à Cofidis.



2020: um ano que tinha tudo para correr bem



Alguns destes negócios ocorreram no início de um ano que prometia vir a ser o melhor de sempre, mas que, como sabemos, trouxe quebras muito significativas a partir de meados de março. “Nada fazia prever que o setor imobiliário registasse este comportamento no decorrer de 2020”, admite Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), citado pelo Idealista.

“No segundo trimestre de 2020, venderam-se em Portugal 33.398 alojamentos familiares, menos 23,3% que no trimestre anterior e menos 21,6% que no período homólogo”, refere a notícia. Ainda assim, destaca os preços das casas, que “apesar da pandemia, subiram 7,8% entre abril e junho de 2020 face ao mesmo período do ano passado”.

A contribuir para esta subida poderá estar uma nova tendência causada pelo confinamento: o interesse por imóveis longe dos centros urbanos. “Procura por montes disparou 62% no desconfinamento” é o título do artigo do Expresso, citando o site OLX. “A maior parte daquela procura teve origem em Lisboa (onde se registou um aumento de 102% naquele mesmo período) ”, revela.

“A procura de casas rurais aumentou 53%, a de quintas, 39% e terrenos, 37%”, diz a notícia, lembrando que, devido ao confinamento e ao teletrabalho “muitos começaram a pensar em mudar de vida, deixando para trás a cidade em busca da tranquilidade do campo”. A maior procura de casas e rurais ocorreu a partir de Viseu, mas o interesse por quintas cresceu sobretudo em Lisboa, com um aumento de 98% entre abril e maio.

O Público identifica outra tendência e diz que “Arrendamento acessível pode ser o negócio que se segue no sector imobiliário”. “Alguns investidores ainda manifestam falta de confiança para avançar, mas tanto o sector público como o segmento privado parecem estar a convergir no propósito de dar resposta à procura de casa com rendas acessíveis”, revela o jornal.

Já o Jornal Económico, numa antevisão dos próximos meses, fala em “sinais de abrandamento e futuro incerto”. A consultora Imovendo analisou o mercado e diz que “uma vez que parte da procura que alimentou o mercado nestes últimos meses resultou de decisões de investimento anteriores ao confinamento e de necessidades geradas pelo próprio confinamento, (…) esta força motriz perderá agora tração e arrastará consigo o mercado”.

Neste artigo são ainda identificadas “três grandes dinâmicas”: “o ajustamento gradual dos preços de vendas às novas dinâmicas do mercado, o reforço da relevância das ferramentas tecnológicas como um instrumento de trabalho e ainda a necessidade de encontrar novas estratégias para comercializar imóveis”.



Quebra no turismo traz mudanças ao imobiliário



Uma das principais consequências da Covid-19 foi a enorme quebra sentida no turismo que, por sua vez, está também a ter impacto no imobiliário, mas de duas formas diferentes.

Por um lado, e segundo o Diário de Notícias, que se baseia dados da Confidencial Imobiliário, o “alojamento local perdeu cerca de 3.000 casas em Lisboa e no Porto”. Assim, em junho de 2019 Lisboa tinha 5.212 apartamentos T0 e T1 neste regime de arrendamento. Um ano depois, eram 3.468. No Porto, os AL passaram de 3.694 para 2.536.

“Em contraponto, a carteira de imóveis para arrendamentos de média e longa duração está a crescer e os preços já dão sinais de quebra”, avança o DN.

Outra consequência da redução do número de turistas é revelada pelo Jornal Económico: “Profissionais do turismo optam pelo imobiliário” é o título do artigo em que se revela que “profissionais de engenharia, arquitetura e marketing olham para a falta de emprego como oportunidade de mudança para o setor imobiliário”.

O jornal cita Constanza Maya, Head of Operations & Expansion da Engel & Völkers em Espanha, Portugal e Andorra, que lembra que o imobiliário “está muito vinculado ao turismo e não é apenas em momentos de crise ou de falta de emprego que os profissionais do turismo decidem entrar no universo imobiliário”.

“A explicação deve-se ao facto de os perfis dos trabalhadores de ambas as áreas serem semelhantes, nomeadamente as capacidades de atenção ao cliente, orientação ao serviço e facilidade ao nível das línguas”, explica o artigo. 



Número:

16% 


Foi a quebra no investimento imobiliário no primeiro semestre de 2020, em comparação com mesmo período do ano passado. O valor consta de um relatório da consultora Savills, publicado pelo Observador.   



Frase:

“Não subscrevo a tese da existência de uma bolha transversal no imobiliário em Portugal”.

Miguel Maya, presidente executivo do BCP, durante a “I Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal (Observador)
Partilhar esta notícia

Subscrever Newsletter