Sala de leitura: O que se passou no mês de julho?

As consequências da pandemia do imobiliário continuam a ser o maior destaque nas notícias sobre o setor. Recorde o que se publicou em julho.

Autor: Redação
6 de agosto de 2020
Num contexto ainda fortemente marcado pela Covid-19 e pelas suas consequências a nível económico e social, as notícias publicadas sobre o setor imobiliário em julho refletem essa tendência.



Se, por um lado, se prevê uma restrição no crédito para o imobiliário e construção, por outro há sinais positivos, como a criação de emprego no setor.



Outra conclusão que se pode retirar de uma análise do que foi publicado em julho é que o setor imobiliário tem de enfrentar novos desafios (aqui fazer link para o artigo sobre os novos desafios) nas várias fases do processo de venda de um imóvel.



O “travão ao crédito”



A queda de 16,5% no PIB, divulgada já em agosto, é mais um indicador do profundo impacto que a Covid-19 teve e terá na economia. Ainda antes, em julho, o Banco de Portugal dava conta dos receios do setor bancário quanto a uma possível repetição da crise financeira iniciada em 2008.



“Banca vai ‘apertar a torneira’ do crédito ao imobiliário com medo do malparado”, noticiava o Eco (https://eco.sapo.pt/2020/07/15/banca-vai-apertar-a-torneira-do-credito-ao-imobiliario-com-medo-do-malparado/), a respeito do mais recente inquérito trimestral sobre o mercado de crédito, divulgado pelo Banco de Portugal (BdP).



“O imobiliário e construção destacam-se entre os setores para os quais os bancos anteveem aumentar a restritividade nos critérios, termos e condições de acesso ao crédito na segunda metade do ano”, diz o jornal, tendo como base as próprias conclusões do inquérito efetuado pelo regulador.



"As instituições esperam aplicar critérios ligeiramente mais restritivos nos setores dos serviços e construção de edifícios e atividades imobiliárias, assim como termos e condições ligeiramente mais restritivos na generalidade do setor da construção”, lê-se no documento do BdP.



O Eco lembra que esta é uma tendência que já se verificou no primeiro semestre. “Um dos cinco bancos sondados por este inquérito antecipa seguir critérios ‘consideravelmente mais restritivos’ na concessão de crédito ao segmento de construção de edifícios e atividades imobiliárias, havendo ainda um outro banco a prever seguir critérios ‘ligeiramente mais restritivos’ no financiamento em concreto da construção de imobiliário comercial”, revela.



Já no que respeita especificamente à construção, “há dois bancos a indicarem pretender tornar-se ‘ligeiramente mais restritivos’ no financiamento ao setor da construção (excluindo construção de edifícios). Já para a construção de edifícios e atividades imobiliárias, há uma instituição financeira a antecipar termos e condições ‘consideravelmente mais restritivos’ e outra a apontar para que estes sejam ligeiramente mais restritivos”.



Ou seja, e caso se confirmem estas intenções, é mais um desafio para o setor. 



Imobiliário de luxo com novo mercado?



No entanto, dificuldade de acesso ao crédito não está a condicionar a venda de imóveis de luxo no Algarve, revela o Jornal de Negócios, recorrendo a dados da Engel & Völkers.



“Imobiliário de luxo no Algarve atrai compradores portugueses e mais novos” (https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/imobiliario/detalhe/imobiliario-de-luxo-no-algarve-atrai-compradores-portugueses-e-mais-novos) noticiava o jornal, adiantando que “a pandemia da Covid-19 e as limitações impostas nas viagens aéreas reduziram o peso dos investidores internacionais no mercado residencial de luxo no Algarve, abrindo caminho a um maior interesse por parte de clientes portugueses mais novos e em busca de retorno do investimento".



"Os dados anteriores à pandemia mostram que os compradores não residentes representavam quase 40% do valor total dos imóveis vendidos no Algarve. No entanto, nos últimos meses temos assistido a um crescimento no número de potenciais compradores portugueses, seja para residência permanente, segunda habitação ou para rentabilização de investimentos através do arrendamento turístico", diz a responsável da empresa, salientando ainda “algum interesse de gerações mais novas pelo mercado residencial do Algarve pela qualidade de vida que o Algarve oferece”.



Outra tendência pós-Covid é identificada pelo Expresso: “Pandemia já está a ‘empurrar’ famílias para o interior”(https://expresso.pt/economia/2020-07-17-Imobiliario.-Pandemia-ja-esta-a-empurrar-familias-para-o-interior). De acordo com a edição online do semanário, “para algumas famílias urbanas a pandemia foi o ‘clique’ que as fez trocar de vez a cidade pelo campo. O mercado imobiliário de algumas zonas do interior já está a mexer com a procura inusitada impulsionada pela Covid-19. Os sinais multiplicam-se um pouco por todo o lado e o sector do imobiliário já está a constatar essa mudança”.



Do real para o virtual



A Covid-19 não afetou só negócios, investimentos e o normal funcionamento das empresas. Teve igualmente um gigantesco impacto sobre os eventos, afetando também os que estão relacionados com o imobiliário.



É o caso do InPortugal - Salão do Imobiliário Português em Paris, que deveria ter decorrido em maio. Posteriormente remarcado para setembro, ainda em formato presencial, vai ser feito em modo virtual, noticiava a TSF (https://www.tsf.pt/mundo/salao-de-imobiliario-portugues-em-paris-passa-para-versao-digital-em-2020-12382342.html).



A maior feira de imobiliário e turismo de Portugal em França tem lugar de 22 a 24 de setembro, no site do evento (https://inportugal.salon/) e vai trazer outras novidades, passando a ter conferências e conversas também em Inglês.



"Nós trabalhamos historicamente o mercado francês e temos 23 nacionalidades a visitar o salão. Este formato digital acaba por permitir abordar os visitantes sem que eles tenham de se deslocar e mais facilmente conseguiremos chegar a novas audiências", disse à agência Lusa Ricardo Simões, responsável pelo evento. O objetivo será conquistar novos mercados, como o britânico e o norte-americano.



Assim, o salão terá uma plataforma que vai permitir aos visitantes verem as ofertas de imóveis e entrarem em contacto direto com agências imobiliárias.



Para quem está no terreno, foi (e continua a ser) importante o contributo da tecnologia para a realização de negócios. O Jornal Económico, no artigo “Tecnologia ‘marcha’ ao lado do imobiliário contra a crise” (https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/tecnologia-marcha-ao-lado-do-imobiliario-contra-a-crise-617445),destaca esta realidade, apontando como exemplos visitas virtuais, drones, imagens em 360º e ouvindo a opinião de alguns intervenientes no processo.



Há emprego na mediação imobiliária 



Numa altura em que se fala de crise, desemprego e encerramento de empresas, o setor da mediação imobiliária parece estar em contraciclo e as maiores empresas nacionais estão a recrutar.

“Mediadoras estão a contratar: imobiliário gera oportunidades de emprego em plena crise” (https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/07/02/43836-mediadoras-estao-a-contratar-imobiliario-gera-oportunidades-de-emprego-em-plena-crise), noticiava o portal Idealista.



“O setor imobiliário e da construção tem-se mostrado resistente à pandemia da Covid-19, voltando a destacar-se, nesta crise, como importante motor da economia nacional - na primeira quinzena de junho, estava já quase totalmente operacional, com 97% das empresas ativas”, lembra. Cita também o Banco de Portugal para frisar que “o imobiliário e construção estão mesmo a impedir uma recessão maior a nível nacional”.



Os dados do IEFP confirmam a tendência: “As ofertas de emprego recebidas ao longo do mês de maio de 2020 somavam perto de 7 mil, em todo o país, e o imobiliário estava entre as atividades económicas com maior expressão, representando quase um terço do total (29,1%). A construção, por sua vez, era responsável por 10,6% dos anúncios”. 

  

A frase de julho: 



“Não temos qualquer ilusão de que o mercado nacional não vai conseguir compensar a quebra do mercado estrangeiro e do Reino Unido em particular”



Pedro Fontainhas, diretor executivo da Associação Portuguesa de Resorts (APR), em entrevista à Agência Lusa, falando sobre as quebras de 50% a 60% na venda de imobiliário turístico residencial devido à pandemia.

https://eco.sapo.pt/2020/07/12/turismo-residencial-muito-preocupado-com-crise-pede-extensao-do-lay-off-e-isencoes-fiscais/



O número de julho: 



15,2 mil milhões de euros 



É o valor do património imobiliário de Amancio Ortega, dono da Zara e de outras marcas de moda. Nos últimos anos o empresário diversificou os seus negócios, investindo em imóveis nos EUA.

(https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/dono-da-zara-revela-imperio-global-no-imobiliario-de-152-mil-milhoes) 



Links úteis



Inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito (Banco de Portugal) https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/results_jul2020_pt.pdf
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