Regresso ao trabalho em segurança: uma checklist para empresas e colaboradores

A segurança e saúde no trabalho têm, nos dias que correm, um papel fundamental para que o regresso à atividade presencial no setor imobiliário possa decorrer com a máxima confiança. Saiba o que é necessário para o regresso.

Paulo Pereira - Workview
Autor: Redação
14 de maio de 2020
O regresso à atividade presencial nas agências imobiliárias traz novas preocupações no que respeita à segurança e saúde no trabalho. 

Sendo certo que nada vai ser como era até meados de março, como podem as empresas do setor adaptar-se às novas exigências? O que é realmente necessário para que esta retoma seja feita de forma segura e transmita confiança aos colaboradores e clientes?

A edição do Imobiliário em Direto do dia 12 de maio teve como objetivo ajudar a esclarecer algumas dúvidas, contando com um especialista nesta área. Paulo Pereira, da Workview, convidado da conversa “Empresas de segurança e saúde no trabalho: o apoio relevante no regresso à atividade presencial das agências imobiliárias”, resumiu o que é realmente importante para este regresso.

No setor imobiliário, tal como em todos os outros, voltar à atividade presencial implica conhecer um conjunto de novas regras de proteção, higienização e distanciamento.

É necessário mudar alguns comportamentos, mas também os próprios espaços físicos e até a forma como decorrem reuniões e visitas. 

Para as PMEs, nem sempre é fácil compilar, entender e aplicar toda a legislação ou orientações que vão sendo lançadas. Por isso, as empresas de segurança e saúde no trabalho ganham, por estes dias, uma importância crucial no aconselhamento e acompanhamento de medidas de combate à Covid-19.

Paulo Pereira resumiu, de forma clara, o que vai ser necessário para retomar a atividade presencial, lembrando que “as medidas de higiene transportadas para o ambiente familiar, profissional e social são a chave do combate a esta pandemia”.

Entre as exigências para o regresso à atividade está o plano de contingência, que pode ser “um documento muito simples de medidas preventivas e de práticas organizacionais de segurança no trabalho”. Estes planos são feitos em função do contacto que a empresa tem com o público. No entanto, diz o especialista, é preciso lembrar que não se deve pensar apenas nos clientes, mas também noutras pessoas que possam entrar no espaço, como o carteiro ou o estafeta. 

Higiene pessoal, distanciamento e etiqueta respiratória

No dia e dia, e tal como já todos ouvimos vezes sem conta durante os últimos meses, tudo parece resumir-se a três regras: higiene pessoal, distanciamento e etiqueta respiratória. 

“Há um conjunto de comportamentos organizacionais que têm de ser interiorizados”, sublinha Paulo Pereira, realçando que “as empresas devem formar e informar trabalhadores sobre este conjunto de comportamentos transversais a toda a sociedade”.

Vejamos, então, alguns conselhos práticos para cada momento da atividade de mediação imobiliária.

Assim, e ainda antes da reabertura de portas, as instalações devem ter sido desinfetadas, o que pode ser feito recorrendo a uma empresa especializada que use a nebulização com viricida. 

À entrada das instalações podem ser colocados equipamentos para proteção dos pés ou tapetes que façam a limpeza dos sapatos, evitando assim que o calçado vindo da rua possa transportar o vírus para dentro do local de trabalho. Os dispensadores automáticos com gel, para desinfeção das mãos, também podem ser colocados aqui.

Além disso, todas as pessoas que entrem nas agências devem usar máscaras. A colocação de barreiras nos balcões de locais com grande afluência de público é também uma medida eficaz.

Depois, há que ter atenção ao número de pessoas que podem estar ao mesmo tempo no mesmo espaço fechado, sobretudo quando se realizam reuniões. 

Estas devem decorrer com o mínimo de pessoas, que devem evitar sentar-se frente a frente e manter o distanciamento recomendado. 

Há que evitar aglomerados em reuniões e escrituras. Sempre que possível este tipo de encontro pode ser feito com o recurso a procurações ou a meios digitais para as reuniões e assinaturas de contratos.

O ar condicionado deve ser evitado ou, se for usado, deverá ser em modo de extração. 

“A tarefa do mediador imobiliário neste processo vai ser ligeiramente diferente e cabe-lhe ser o mensageiro da mudança do paradigma daquilo que eram transações, desde a angariação, visita, assinatura de contratos ou escrituras”, considera Paulo Pereira.

Diminuir o risco nas visitas

No caso das agências imobiliárias, há ainda outro aspeto que exige cuidados redobrados: as visitas.

Paulo Pereira recomenda a utilização de medidas de proteção individual (como máscaras, luvas ou proteção dos pés) quando há visitas, apontando uma das razões: “Muitas vezes a agência não tem o exclusivo daquele imóvel e a outra empresa pode não ter os mesmos procedimentos”.

Durante a visita, há que ter alguns cuidados básicos como levar solução desinfetante, abrir as janelas para arejar o espaço e tocar o mínimo possível no que quer que seja, interiorizando que qualquer local “pode ser eventualmente um ponto de contágio”.

Para os agentes imobiliários, tal como para os profissionais de qualquer setor de atividade, há cuidados a ter antes de sair de casa, durante o trajeto, na entrada e estadia no local de trabalho e no regresso e entrada em casa. Em cada momento há um conjunto de hábitos que devem ser adotados para minimizar o risco de contágio. 

Além disso, é especialmente importante monitorizar sintomas como febre ou tosse. 

A partilha de carros, equipamentos e equipamentos informáticos também deve ser evitada. O ideal é que não haja partilha de secretárias; caso exista, estas devem ser limpas antes e depois de cada um as utilizar.  

As casas de banho são outro local a merecer atenção, devendo ser desinfetadas caso sejam usadas por um cliente.  

Há ainda recomendações importantes quanto ao mobiliário e outros objetos:

•    Evitar cadeiras de tecido; devem ser retiradas e, caso não seja possível, não devem ser partilhadas;

•    Retirar tapetes e tudo o que sejam tecidos e superfícies não facilmente laváveis; 

•    Retirar objetos que não sejam necessários para aquela atividade ou função. 

No que respeita a limpeza e higienização, recomenda-se o uso de álcool a 70% ou álcool gel para limpeza das mãos (o álcool a 96% é mais agressivo para a pele). 

Para limpeza de superfícies pode ser usada lixívia (diluída a 30%) em água, borrifadores e panos de microfibras. 

Apoio financeiro à adaptação 

A adaptação dos espaços de trabalho e dos colaboradores para a retoma de atividade implica um esforço financeiro na aquisição de equipamentos de proteção individual, isolamento de espaços e até desinfeção.

O Governo lançou, a 2 de maio, os “Incentivos à adaptação das microempresas ao contexto Covid-19”, ou seja, um apoio financeiro destinado a Microempresas (até 10 trabalhadores) de todos os setores.

Este apoio consiste no reembolso de uma parte do investimento feito pelas empresas na aquisição de equipamentos e contratação de serviços: são elegíveis 80% das despesas, com um limite de 5.000€.

Despesas elegíveis:

•    Equipamentos de proteção individual para colaboradores e clientes; 

•    Equipamentos de higienização e de dispensadores de desinfetantes e consumíveis; 

•    Reorganização de locais de trabalho e de lay-out de espaços; 

•    Contratação de serviços de desinfestação; 

•    Dispositivos de pagamento digital contactless; 

•    Isolamento físico de espaços de produção ou de venda ou prestação de serviços; 

•    Informação e orientação, incluindo sinalização vertical e horizontal; 

•    Custos associados a serviços de entregas ao domicílio e de facilitação de teletrabalho; 

•    Outros dispositivos de controlo e distanciamento social.



Links úteis:

Manual da DGS para o dia a dia https://covid19.min-saude.pt/wp-content/uploads/2020/05/ManualVOLUME1-1.pdf 

Lei n.º 102/2009

Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho https://dre.pt/pesquisa/-/search/490009/details/maximized

Incentivos à adaptação das microempresas ao contexto Covid-19: https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.aspx?v=3a74e20a-2a79-44d6-bd26-1b237fe76be7

Contactos Workview: https://www.workview.pt
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