Emissão de licenças AMI no setor imobiliário em queda desde abril

As licenças AMI concedidas pelo IMPIC têm vindo a diminuir. Das 440 licenças atribuídas em 2020, 71% foram emitidas no primeiro trimestre do ano. A pandemia travou a entrada de novos agentes no mercado. 

IMPIC - Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção
Autor: Redação
4 de junho de 2020
Sendo obrigatórias para quem pretende exercer a atividade de mediação imobiliária, as licenças AMI do IMPIC (Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção) são também um reflexo do crescimento do setor. Ou seja, mais licenças representam mais empresas e mais agentes, assim como um potencial crescimento no volume de negócios. 

Em 2020, um ano que tem decorrido a dois tempos bastante distintos – um, de crescimento e elevadas expetativas, e outro, marcado pela Covid-19 e pela incerteza – a emissão de novas licenças começou a bom ritmo, mas teve uma queda abrupta em abril.

Desde janeiro e até ao final de maio, foram autorizadas 440 novas licenças de mediação imobiliária, mas os dados mostram uma clara desaceleração, existindo mesmo, entre março e abril, uma descida para metade. 

Segundo os dados do IMPIC, 313 licenças foram emitidas entre janeiro e março, o que representa um total de 71% do valor dos primeiros cinco meses do ano. 

Assim, e dando seguimento ao crescimento que o setor registou durante o ano de 2019, em janeiro foram concedidas 108 licenças e em fevereiro, um mês de ligeiramente mais curto, registou 94 licenças.

Um crescimento que se manteve em março, até porque, apesar de os primeiros casos em Portugal terem surgido no dia 2, só a partir do dia 13 ficou claro que a pandemia iria obrigar ao encerramento provisório de uma série de atividades. 

Assim, nesse mês ainda surgiram 111 licenças, ou seja, 25% das que foram emitidas este ano. E se ainda restassem dúvidas quanto ao impacto da Covid-19 no setor imobiliário, este indicador não deixa margem para hesitações: 54 licenças em abril, cerca de metade das emitidas no mês anterior. 

O mês de maio trouxe o desconfinamento e o regresso à atividade presencial, mas a um ritmo ainda distante do que se verificou no primeiro trimestre: 73 licenças, ou seja, 17% do total.  

Distribuição por área geográfica 

Lisboa e Porto são, sem surpresas, os distritos com o maior número de licenças, o que reflete o dinamismo do setor nas duas maiores cidades nacionais. Entre janeiro e maio foram concedidas 156 licenças em Lisboa (35,45% do total) e 61 no Porto (13,86%). Setúbal, com 48 licenças (cerca de 10,91% do número total), completa o trio de capitais de distrito onde surgiram mais agentes imobiliários

Faro (39), Braga (28) e Aveiro (24) apresentam também um número significativo de novas licenças, sendo que nos restantes distritos o número ficou sempre abaixo de 20. Só Coimbra (16), Leiria (17) e Santarém (15) se aproximaram deste valor.  

Lisboa concentra empresas e volume de faturação 

A prevalência de Lisboa e Porto como polos dinamizadores do setor imobiliário não surpreende e a grande diferença entre as duas cidades também não. Basta olhar, por exemplo, para o relatório “Empresas de Mediação Imobiliária – Análise Económico-Financeira – Exercício de 2018”, divulgado em outubro de 2019.

Segundo este documento, 18 das 20 maiores empresas de mediação imobiliária, em termos de Volume de Negócios -  ou seja, 90% - estavam registadas na Área Metropolitana de Lisboa e apenas duas (10%) no norte. 

Se o indicador escolhido for apenas o número de empresas, a Área Metropolitana de Lisboa representa 45,76%, ou seja, quase metade das empresas de mediação imobiliária. Na Região Norte está mais de um quarto (26,06%) do setor. 

“Estas duas NUTS [Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos], em conjunto, abrangem quase 75% de todas as empresas da amostra e, se lhes juntarmos a Região do Algarve e a Região Centro, que representam, respetivamente, 12,24% e 10,43% das empresas, ficamos com cerca de 5% das empresas para distribuir entre Madeira (2,31%), Alentejo (2,28%) e Açores (0,92%)”, sublinha o relatório.  

No final de 2018 existiam 6.257 empresas detentoras de licença de mediação imobiliária, sendo que em 4.552 foi possível obter informação sobre o número de efetivos e o volume de negócios.  

Destas, 4.175 ou 91,72% são microempresas. Existiam ainda 216 pequenas empresas (4,75%) e 14 médias empresas (0,31%). As médias empresas situavam-se sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa (13 em 14). Esta região tinha também 49,07% das pequenas empresas e 45,32% das microempresas.

O número de empresas com licenças de mediação imobiliária também vinha a crescer: 

2014: 3410 

2015: 3984 (+574)

2016: 4471 (+487)

2017: 5413 (+942)

2018: 6257 (+844)

A tendência de crescimento parecia destinada a manter-se em 2020, mas os meses de março, abril e maio inverteram a subida. Resta pois, esperar, para perceber se o segundo semestre de 2020 pode trazer a retoma. 



Links úteis:

Empresas de Mediação Imobiliária – Análise Económico-Financeira – Exercício de 2018

http://www.impic.pt/impic/assets/misc/relatorios_dados_estatisticos/Rel_Analise_Econ-Fin_2018_imobiliario.pdf

Licenciamento: Requisitos de ingresso e de permanência (IMPIC) – http://www.impic.pt/impic/faqswww/popup_mediacao_i.php

 
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