Coworking: o sector imobiliário está preparado para os escritórios do futuro?

Estarão os espaços de cowork a tomar o lugar dos escritórios tradicionais? Será que o sector imobiliário acompanha esta transformação? Saiba mais sobre uma tendência que o teletrabalho pode potenciar.

Carlos Gonçalves - Avila Spaces
Autor: Redação
28 de maio de 2020
Os espaços de cowork estão a competir com os escritórios tradicionais? Ou, pelo contrário, poderão ser um complemento ao modelo habitual? A Covid-19 e o recurso ao teletrabalho mostraram que é possível trabalhar em qualquer lugar, gerando ainda mais interesse sobre estes locais. 

Se o coworking veio para ficar, o que será feito do modelo de venda ou aluguer de escritórios que, embora com menos peso do que o setor residencial, era um mercado apelativo para agentes imobiliários? 

Estas ideias foram partilhadas durante mais uma edição do Imobiliário em Direto. Carlos Gonçalves, CEO do Avila Spaces, falou sobre a sua experiência nesta área, iniciada há 15 anos com um serviço de arrendamento chave na mão. Seguiram-se os espaços de cowork – atualmente na avenida da República e na avenida João Crisóstomo, em Lisboa. 

A crise da década passada gerou interesse por este tipo de locais, já que permitiam racionalizar custos. A partir daí, o Avila Spaces cresceu e conquistou prémios internacionais.

Os modelos existentes, que vão dos escritórios virtuais a secretárias, passando por um posto de trabalho no lounge, permitem que as empresas ou profissionais liberais possam usufruir de todos os serviços necessários, mas com um elevado grau de flexibilidade. 

A tudo isto acresce a possibilidade de networking empresarial, incentivado pelo Avila Spaces e potenciado pelo elevado número de empresas, bem como pela diversidade de setores presente. Na verdade, também agentes imobiliários alugam espaços no local, o que demonstra a versatilidade deste tipo de solução.

Pandemia reforça interesse no coworking

Carlos Gonçalves revelou, durante esta conversa que, devido à pandemia, sentiu um aumento da procura: “As empresas percebem que o trabalho remoto funciona. Por outro lado, as empresas estão cada vez mais centradas no seu core business, pelo que subcontratam outros aspetos do negócio”.

Se parece certo que as empresas estão a reequacionar os modelos de trabalho para tornar o teletrabalho mais regular, parece igualmente importante que exista trabalho presencial, para que se mantenha a ligação emocional à empresa ou à equipa.

Ou seja, os modelos de trabalho híbridos podem vir a tornar-se preponderantes nos próximos anos. 

Nesse contexto, que tipo de escritórios serão necessários? Estarão os locais em modo open space condenados a desaparecer? “Ninguém sabe como o layout dos escritórios vai estar daqui a seis meses ou um ano. Vai depender do comportamento da pandemia”, reconhece o CEO do Avila Spaces.  

Tendências globais

Se olharmos para o coworking numa perspetiva macro, percebemos que este é um modelo largamente difundido em todo o mundo e em grande expansão.

No centro de Londres, os espaços de trabalho flexíveis – incluindo o coworking – representam entre 10 a 20 por cento dos arrendamentos, revela o European Coworking Hotspot Index”, um estudo realizado pela Cushman&Wakefield (CW).

Londres, Paris e Estocolmo lideram o ranking europeu em termos de espaços de coworking, mostram os dados divulgados em abril de 2019.

A nível global, a tendência é igualmente de crescimento. O Coworking Forecast (2017-2022), realizado pela Emergent Research e pela GCUC (Global Coworking Unconference Conference) prevê que, dentro de dois anos, vão existir, em todo o mundo, mais de 20 mil espaços de coworking, em que trabalharão mais de cinco milhões de pessoas. A taxa anual de crescimento será de cerca de 24%.

Dado que esta previsão foi feita há já alguns anos, os dados podem pecar por defeito e será curioso verificar até que ponto a Covid-19 terá influência na expansão destes espaços.

Ainda assim, o relatório apresenta alguns dados interessantes, incluindo a apetência das startups por estes locais e o facto de o próprio setor imobiliário estar a aderir a espaços de cowork.  

A tendência em Portugal 

Em Portugal, e pelo menos até agora, esta não era ainda uma tendência com grande implantação. Ainda de acordo com o estudo da CW, Lisboa ocupa o 37º lugar entre as cidades europeias com potencial de crescimento neste segmento.

“Lisboa conta hoje com uma oferta de coworking que ronda os 50.000 metros quadrados, representando menos de 1% da oferta total da cidade. No entanto, o dinamismo do setor neste último ano foi evidente, comprovado pelo peso que este formato teve na procura total de escritórios, próximo dos 9%”, lê-se no relatório.

“A legislação pouco flexível do mercado de trabalho penaliza igualmente uma abordagem menos convencional ao mercado de trabalho”. Esta era, em 2019, a justificação dada para a reduzida implementação destes espaços. Poderá a pandemia ter mudado esta abordagem? Este é, certamente, um tema a que os agentes imobiliários devem estar atentos num futuro próximo. 

  

Links úteis:

Avila Spaces: https://avilaspaces.com

Manual de Segurança Avila  - https://avilaspaces.com/pt/work-safe/

Global Coworking Unconference Conference (GCUC): https://gcuc.co/

Portugal Coworking https://portugalcoworking.pt
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