Sala de leitura: O que se passou no mês de junho?

A forma como o setor imobiliário foi ou não afetado pela pandemia mereceu amplo destaque nas notícias publicadas durante o mês de junho. Veja o resumo.

Autor: Redação
7 de julho de 2020
Na era pós-confinamento a atualidade do setor imobiliário foi marcada, durante o mês de junho, por números e dados que mostram, por um lado as dificuldades de algumas empresas mas, por outro, uma retoma que parece estar já a verificar-se na área. Entre na nossa sala de leitura e veja do que se falou no mês passado.



Será que a ameaça de crise no imobiliário não passou disso mesmo? Vendem-se menos casas, mas os preços não estão a cair, revela o Índice de Volume de Vendas de Habitação da Confidencial Imobiliário. Segundo os dados, divulgados no Observador (https://observador.pt/2020/06/16/vendem-se-menos-casas-mas-precos-nao-estao-a-cair-diz-confidencial-imobiliario/ ), em maio – primeiro mês em que foi retomada a atividade presencial - a venda de imóveis teve um aumento de 23% em relação ao mês anterior.



Em abril a quebra nas vendas tinha sido de 53%. No entanto, e ao contrário do que se poderia pensar, o valor dos imóveis manteve-se. “O mercado exibe uma clara redução de atividade, mas isso não se reflete numa descida nos preços”, diz o relatório.



Os dados mostram também que abril foi mesmo o mês de maior retração. A redução começou em fevereiro – descida de 6% - , intensificou-se em março, com o estado de emergência (queda de 17%) e teve maior impacto em abril.



Mas os preços não caíram. Segundo este índice, os preços dos imóveis subiram 0,9% em maio. “Tal sugere que o mercado está a resistir à estratégia de redução de preço em reação à quebra nas vendas, pois existe uma forte convicção de que os níveis de preços praticados no mercado têm uma forte probabilidade de virem a ser observados novamente após o fim da crise pandémica”, afirma o responsável ao Observador.



Outros dados, resultantes de um inquérito realizado pela ASMIP — Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal às 680 empresas associadas, mostram que 70% admitiram ter sofrido reduções na ordem dos 50% devido à Covid-19.



O artigo publicado no Expresso (https://expresso.pt/economia/2020-06-07-Covid-19.-Imobiliarias-tiveram-quebras-de-50) revelava também que “quase um terço das empresas do sector pode não sobreviver aos efeitos nefastos provocados pela crise da Covid-19”.



No entanto, o mesmo inquérito mostra que 10% das empresas sentiram um aumento da procura e cerca de 20% conseguiram manter a atividade nos níveis pré-pandemia.



Ainda no que respeita ao regresso à atividade, destaca-se o aumento dos vistos gold registado em maio. Segundo o Público, (https://www.publico.pt/2020/06/25/economia/noticia/numero-vistos-gold-disparou-maio-1921847), este terá sido “um dos melhores meses de sempre em termos de investimento imobiliário no âmbito dos vistos gold”: em abril foram emitidos 53, mas em maio o número subiu para os 270, com um valor médio de investimento de 568 mil euros.



As tendências pós-Covid



Já a Visão (https://visao.sapo.pt/imobiliario/2020-06-22-como-a-pandemia-ja-esta-a-mudar-o-imobiliario-em-portugal/) apresentou uma reflexão sobre “Como a pandemia já está a mudar o imobiliário em Portugal”.



Neste artigo, cita-se o estudo “A cidade emergente”. Uma iniciativa da Escuela de Arquitectura Cesuga, de Corunha, (Espanha), a que respondeu a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), através de um inquérito que envolveu 1400 pessoas. Destes, 90% (residentes sobretudo no Porto e em Lisboa) desejam “que a cidade fosse mais verde, mais pedonal e funcionasse com lógicas de proximidade”.



Em relação às casas, o desejo seria que respeitassem “a orientação solar, o isolamento térmico e acústico, a organização interior, a existência de um espaço de trabalho autónomo da sala, grandes aberturas de relação com espaços exteriores privados (varandas, terraços, pátios, jardins) ”.



Ou seja, o confinamento parece estar já a mudar a perceção sobre a casa ideal, mas também sobre a necessidade de ter, no edifício onde se habita, um local de cowork. Ou seja, espaços pensados para salões de eventos ou lojas estão a ser reformulados para que possam servir como local de trabalho para os moradores. Estas são apenas algumas das tendências trazidas pela pandemia descritas neste artigo com bastante informação útil não só para agentes imobiliários, mas também para quem constrói, promove e projeta novos empreendimentos.



No Expresso (https://expresso.pt/economia/2020-06-21-Imobiliario.-O-distanciamento-social-esta-a-arrasar-os-espacos-de-cowork) traça-se um cenário pouco animador para os tradicionais espaços de cowork. Segundo o jornal, a necessidade de distanciamento social está a afetar estes locais, mas há quem já esteja a preparar-se para os novos tempos.



Reforço da fiscalização 



No site Idealista (https://www.idealista.pt/news/imobiliario/empresas/2020/07/01/43828-impic-cruza-dados-com-autoridade-tributaria-e-lanca-acao-de-inspecao-contra-ilegais-a) chama-se a atenção para um reforço da fiscalização. “Regulador reforça caça de mediadores imobiliários que operam de forma ilegal” diz o artigo, adiantando que o IMPIC “vai cruzar dados com Autoridade Tributária (AT) e lançar operação de fiscalização das empresas no setor”.



O Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção vai avançar com uma operação de fiscalização das empresas que estão a exercer a atividade de mediação imobiliária de forma ilegal, sem estarem inscritos no organismo que regula o setor, revela o portal.



O presidente do IMPIC, António Pires de Andrade, disse, durante uma palestra online para assinalar o Dia do Mediador, que foi feito um protocolo com o Ministério da Justiça para que o regulador pudesse ter acesso “a todas as empresas com CAE na área da mediação, que tenham esta como atividade principal ou secundária”.



O responsável reconheceu que “algumas delas podem ter sido constituídas e não exercer a atividade, situação que não as obriga a ter a licença” e explicou que, por isso, será necessário confirmar, com a AT, se as empresas estão em atividade.



A primeira abordagem será pedagógica, sendo enviadas cartas para que possam regularizar voluntariamente a situação. O responsável pelo IMPIC revelou também que vai ser dada mais atenção às plataformas digitais, sobretudo às que publicam anúncios de empresas sem licença da AMI.



Ainda no campo dos avisos, fica o dos avaliadores imobiliários, citados também pelo portal Idealista (https://www.idealista.pt/news/financas/credito-a-habitacao/2020/06/17/43678-avaliacao-bancaria-de-imoveis).



De acordo com a ANAI – Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários, existem "elevados riscos" se forem usados apenas os Modelos Automatizados de Avaliação (AVM) nas avaliações de imóveis.  Dizem os avaliadores que isto "poderá levar à criação de distorções em relação ao justo valor dos imóveis”, contribuindo também “para a desregulação deste setor profissional".



“Os AVM, como softwares estatísticos, podem realmente ser úteis na análise de mercado, capazes de contribuir para a estimação de valor efetuada pelo perito avaliador, mas inaptos para transformar preços em valor, sobretudo por não existir uma análise crítica do perito avaliador (dados de fundamentação da Avaliação)", diz uma nota da associação.



A frase de junho: 



“O mediador imobiliário que vende o imóvel ganha mais do que o arquiteto que o concebe”, Daniel Fortuna do Couto, candidato à Ordem dos Arquitetos, Visão (https://visao.sapo.pt/atualidade/2020-06-25-o-mediador-imobiliario-que-vende-o-imovel-ganha-mais-do-que-o-arquiteto-que-o-concebe/)



O número de junho: 



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Sete mil milhões de euros é o valor disponível pelos investidores para o mercado imobiliário português. Um inquérito realizado pela Cushman & Wakefield revela que existem mais de sete mil milhões de euros disponíveis por parte dos investidores para comprar imobiliário comercial no mercado português, revela o Jornal de Negócios. (https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/imobiliario/detalhe/investidores-tem-sete-mil-milhoes-para-aplicar-no-imobiliario-em-portugal)
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